segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Ser Criança"

 

"Ser Criança!"

Ser criança é ser;
papoila ao vento,
gaivota no firmamento.
É ser sol a brilhar,
é céu, é mar.
Ser criança é poder
correr, saltar.
É percorrer o mundo
de lés-a-lés,
é andar em bicos-de-pés.
É ter esperança,
que acabem as mutilações,
as violações,
a fome,
a guerra e a dor.
Ser criança é o sorriso,
que fala de paz,
que fala de amor.
Ser criança é ser grande!
É ser maior.
(autora: Maria do Céu Costa.)

Educação de Infância para Pais(com filhos no jardim de Infância) e Educadores de Infância

1. Proibido insultar o Jardim‐de‐Infância chamando‐lhe “escolinha”. Em primeiro lugar, porque é uma
escola, em segundo, porque todas as escolas ganhavam se ligassem Brincar com aprender.

2. É proibido que os pais imaginem que o Jardim‐de‐Infância serve para aprender a ler e contar. Ele é útil
para aprender a descobrir os sentimentos. Para aprender a imaginar e a fantasiar. Para aprender com o
corpo, com a música e com a pintura. E para brincar. Uma criança que não brinque deve preocupar mais
os pais do que se ela fizer uma ou outra birra, pela manhã ao chegar.

3. O Jardim‐de‐Infância assusta as crianças sempre que os pais ‐ como quem sossega nelas os medos
deles por mais um dia de jardim‐de‐infância ‐ lhes repetem: ” Hoje vai correr tudo bem!”

4. Os pais estão proibidos de despedir‐se muitas vezes das crianças, ao chegarem todos os dias. E é bom
que se decidam: ou ficam contentes por elas correrem para os amigos ou ficam contentes por elas se
agarrarem ao pescoço deles, com se estivessem prestes a ser abandonadas para sempre.

5. É proibido que as crianças vão dia‐sim dia‐não ao Jardim‐de‐Infância. E que vão, simplesmente,
quando os seus caprichos infantis vão de férias. E que não vão ” só porque sim”. O Jardim‐de‐Infância
não é um trabalho para os mais pequenos. É uma bela oportunidade para os pais não se esquecerem
que se pode amar o conhecimento, namorar com a vida, nunca ser feliz sozinho e brincar, ao mesmo
tempo.

6. No Jardim‐de‐infância não é obrigatório comer até à última colher; nem dormir todos os dias. E não é
nada mau que uma criança se baralhe e chame pai/mãe ao educador/a (ou vice‐versa).

7. Os pais estão obrigados a estar a horas quando se trata duma criança regressar a casa. Prometer e
faltar devia dar direito a que os pais fossem sujeitos classificados como tendo necessidades educativas
especiais.

8. Os pais não podem exigir aos filhos relatórios de cada dia de jardim‐de‐infância. Mas estão
autorizados a ficar preocupados se as crianças forem ficando mais resmungonas, mais tristonhas ou, até,
mais aflitas, sempre que regressam de lá. E estão, ainda, autorizados a proibir que o jardim‐de‐infância
só se abra para eles durante as festas.

9. O Jardim‐de‐Infância é uma escola de pais. E um lugar onde os educadores são educados pelas
crianças. Um lugar onde todos se educam uns aos outros não é uma escola como as outras. É um
Jardim‐de‐Infância.

10. Um dia, num mundo mais amigo das crianças, todas as escolas serão Jardins‐de‐Infância!
Por Eduardo Sá (Psicólogo)

Nota: Eduardo Sá é psicólogo clínico, psicanalista e professor de psicologia clínica

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A importância do FAZ - DE - CONTA

                                    
OS JOGOS E BRINCADEIRAS DE FAZ -DE - CONTA

As crianças evoluem por intermédio de suas próprias brincadeiras e das invenções das brincadeiras feitas por outras crianças e adultos. Nesse processo, ampliam gradualmente a sua capacidade de visualizar a riqueza do mundo externamente real, e , no plano simbólico procuram entender o mundo dos adultos, pois ainda que com conteúdos diferentes, estas brincadeiras, possuem uma característica comum: a actividade do homem e suas relações sociais e de trabalho. Deste modo, elas desenvolvem a linguagem e a narrativa e nesse processo vão adquirindo uma melhor compreensão de si próprias e do outro.

No jogo do "Faz de conta" as crianças combinam situações reais com elementos da sua acção fantasiosa. Esta fantasia surge da necessidade da criança, como já dissemos, em reproduzir o quotidiano da vida do adulto da qual ela ainda não pode participar ativamente.

Porém, essa reprodução necessita de conhecimentos prévios da realidade exterior, deste modo, quanto mais rica for a experiência humana, maior será o material disponível para as imaginações que irão se materializar nos seus jogos.

Ela começa com uma situação imaginária, que é uma reprodução da situação real, sendo que a brincadeira é muito mais a lembrança de de alguma coisa que de facto aconteceu, do que uma situação imaginária totalmente nova. Conforme a brincadeira vai se desenvolvendo acontece uma aproximação com a realização consciente do seu propósito.


No jogo de faz-de-conta, a criança passa a dirigir o seu comportamento pelo mundo imaginário, isto é, o pensamento está separado dos objectos e a acção surge das ideias. Assim, do ponto de vista do desenvolvimento, o jogo de faz-de-conta pode ser considerado um meio para desenvolver o pensamento abstracto.

Mas além de ser uma situação imaginária, o brinquedo é também uma actividade regida por regras. Mesmo no universo do "faz-de-conta" há regras que devem ser seguidas.
Ao brincar de autocarro, por exemplo, a criança exerce o papel de motorista.
Para isso, tem que tomar como modelo os motoristas reais que conhece e extrair deles um significado mais geral e abstracto para a categoria "motorista".
Para brincar conforme as regras, tem que esforçar-se para exibir um comportamento igual ao do motorista, o que a impulsiona para além de seu comportamento como criança.
Tanto pela criação da situação imaginária, como pela definição de regras específicas, o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas actividades da vida real e também aprende a separar objecto/significado.
 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Educação Infantil

                         
A educação infantil, educação pré-escolar ou educação pré-primária consiste na educação das crianças antes da sua entrada no ensino obrigatório. É ministrada normalmente no período compreendido entre os zero e os seis anos de idade de uma criança. Neste tipo de educação, as crianças são estimuladas - através de atividades lúdicas e jogos - a exercitar as suas capacidades motoras e cognitivas, a fazer descobertas e a iniciar o processo de alfabetização.
              
A educação infantil ou pré-escolar é ministrada em estabelecimentos educativos de vários tipos como berçários, creches, pré-escolas, jardins de infância, infantários ou jardins-escola.
         


                                                 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Projecto

                                                  
                                                     


" Tudo parece apontar que (bons níveis de desenvolvimento para um maior número de alunos) poderá ser a vir ser conseguido(...) se os conteúdos curriculares se tornarem significativos para professores e alunos(...) o trabalho por projectos poderá constituir uma resposta".


Luisa Cortesão et.al (2002)

Projecto Educativo de Escola
  • Documento que formaliza as intenções e acções da política educativa e curricular de uma escola
  • Instrumento de concretização e de gestão da autonomia da escola.
  • Proporciona a existência de diálogo dentro da escola e fora dela (com a comunidade)

Projecto Curricular de Escola
  • Documento que define as estratégias de desenvolvimento do currículo, com vista ao contexto de cada escola.
  • Este documento deve estar integrado no Projecto Educativo
  • Em função do Currículo e do P.E.E. definem-se as prioridades da Escola, as competências a trabalhar e os conteúdos a trabalhar em cada área curricular.
Projecto Currilurar de Turma (em Jardim de Infância)
Documento que define as estratégias de concretização de desenvolvimento das OCEPE, do P.C.E., visando adequá-lo ao contexto de cada grupo.

Referências bibliográficas:
  • Conceber e avaliar, Edições Asa, 2001, Carlinda Maria Ferreira Alves Faustino Leite, Lúcia Gomes, Preciosa Teixeira Fernandes

 

domingo, 21 de agosto de 2011

Modelos Pedagógicos Actuais



 
 
Modelos Pedagógicos Actuais

Coleção: Aula Prática

Tamanho: 14x21cm
ISBN: 972-707-239-9
Ano de edição: 1999
 



Esta obra apresenta informação relevante sobre os autores que marcam o actual pensamento pedagógico. Apresentam-se catorze modelos pedagógicos actuais, considerados referências fundamentais para a cultura pedagógica de cada professor. Indispensável para os professores dos ensinos básicos e secundário, assim como para os alunos dos Cursos de Formação de Professores e dos Cursos de Pós-graduação em Educação.

Modelo High/Scope

                                              High/Scope
Aprender, fazendo

High/Scope Aprender, fazendo

O conhecimento não provém nem dos objectos nem da criança, mas das interacções existentes entre a criança e os objectos (Piaget)


A Escola Raiz foi umas das pioneiras na zona de Lisboa a desenvolver o método High/Scope, criado nos EUA, no início dos anos 60, para acompanhar crianças em risco nos bairros pobres do Michigan. Começou a sua actividade apenas com crianças do pré-escolar, tendo alargando de modo sustentado as suas valências e hoje a sua prática abrange desde a creche ao segundo ciclo, ou seja, dos quatro meses aos 12 anos, sempre com o mesmo referencial educativo, adaptado e contextualizado à realidade portuguesa.
O modelo parte do princípio que a criança aprende, fazendo. Margarida Silveira, directora desta escola, explica: “Faz sentido uma aprendizagem activa por oposição à pedagogia transmissiva. Ou seja, a criança vai construindo o seu conhecimento à medida que vai fazendo as suas explorações e tendo as suas experiências. Ela não decora as coisas; primeiro faz, aprende e só depois memoriza.
As bases do modelo High/Scope centram-se na aprendizagem como processo em que as crianças agem sobre e interagem com o mundo imediato de forma a construírem o seu conceito da realidade cada vez mais elaborado. Os meninos vivem assim experiências directas e imediatas e tiram delas um significado através da reflexão, de modo a construírem esse conhecimento que as ajuda a dar sentido ao mundo. Como? Planeando o que vão fazer, realizando e revendo.
Isto torna-se fascinante quando se pensa que bebés de seis, sete ou oito meses planeiam e revêem o que realizaram. Uma das nossas preocupações é podermos criar-lhes, desde pequeninos, metodologias de aprendizagem e de estudo que são as mesmas que vão utilizar quando forem crescidos. Isto faz com que se tenham uma acção organizada com princípio, meio e fim”.
                                                                                                                             Coisas de Criança

Para refletir...

 

"SEM A CURIOSIDADE QUE ME MOVE, QUE ME INQUIETA,
QUE ME INSERE NA BUSCA,
NÃO APRENDO NEM ENSINO."
 
                                                                          Paulo Freire

A importância de ouvir contar histórias

De ouvinte a leitor - a importância de ouvir contar histórias

"Tornar-se leitor implica, obrigatoriamente, passar por diferentes etapas que acompanham o crescimento físico, psíquico, linguístico e afectivo da criança."(1) A criança não nasce leitora nem com a capacidade de o fazer. Ela adquire as competências essenciais à sua realização através de vários processos que, no seu devido tempo, a ajudam a auto-construir-se como pessoa e também a adquirir o gosto pela leitura.

Tanto os pais como os professores e educadores, numa atitude conjunta, têm ter em atenção que "género de livro se adequa melhor ao desenvolvimento da competência de leitura da criança, para não correrem o risco de se perderem no meio da vasta oferta do mercado editorial infanto-juvenil."

O leitor começa por ser um ouvinte de histórias. Uma e outra vez, ora uma, ora outra...

Mas antes, é também um manipulador. Um explorador do livro, como se de um brinquedo se tratasse e que ele enquanto bebé explora com todos os seus cinco sentidos. "Hoje, considera-se que se um exemplar não acabar os seus dias destruído por puxões, riscos, mordidelas e baba, não cumpriu inteiramente a sua função."(1)

Existem diversos tipos de narrativas que devem ser tidas em consideração, tais como, os contos de fadas, as fábulas, os mitos, as lendas... aqui importa também a variedade e ter em conta quais são as necessidades da criança numa determinada fase da sua vida. Mas mais importante que escolher o tipo de leitura é mesmo ler alto para a criança ouvir. Ler e contar uma história são processos diferentes, mas ambos muito importantes, pois ambos são capazes de ajudar a criança a criar o hábito de procurar o conhecimento do qual elas irão precisar. Deve-se sim começar desde muito cedo, mesmo dentro da barriga da mãe. A entoação das palavras e das frases, além do seu significado, desenvolvem a linguagem da criança, as suas competências linguísticas e, mais tarde, formarão o caminho essencial para o desenvolvimento da leitura e da escrita.

Ouvir contar uma história desenvolve também a imaginação das crianças desde muito cedo.



Bibliografia:

(1)-BARROSO, Rita, "Pequenos leitores", Pais e Filhos, Outubro de 2005;

O leitor das palavras

"A principal característica deste leitor é a sua identificação com o herói, que faz dele protagonista das histórias que lê."(1)

Um cantinho da leitura ou uma área de livros é um dos pontos de referência de uma sala de Creche e, mais importante ainda, de Jardim de Infância. Lá mas não só ali, a criança ouve contar uma história, folheia um livro, observa atentamente cada imagem e, até dá os primeiros passos na escrita se para isso encontrar ali os materiais a isso necessários. Ela lê ao seu jeito as histórias dos livros que escolhe e aprende agora a tratá-los bem e a cuidar deles.

Mas quando entra na aventura que é o primeiro ciclo, na sua escola "dos grandes", a criança adquire uma nova relação com o livro. Este, deixa de ser apenas uma fonte de prazer para passar a ser "um instrumento de aquisição e sistematização de saberes."(1)

"Entre os 6 e os 8 anos de idade, o pensamento intuitivo subjuga o processo de leitura onde predomina a fantasia, que ajuda a criança a compreender e a adaptar-se ao mundo real." Esta é de facto, "a base dos contos de fadas e das fábulas mais elaboradas (...) que fazem a criança reflectir sobre os seus próprios problemas."(1)

Na sua essência estes expõem o leitor a dilemas existenciais. "Lidando com problemas humanos universais, especialmente com os que preocupam o espírito das crianças, as histórias falam ao seu ego nascente, encorajando o seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo, aliviam tensões pré-conscientes ou inconscientes."(2)

Claro que estas divisões em faixas etárias não são de todo estáticas, como em qualquer processo de desenvolvimento infantil, sendo apenas referências. Ao chegar aos 8, 10 anos, os interesses da criança "vão ser substituídos por uma maior preocupação com o mundo exterior, dando aso a um género de literatura mais realista: livros de consulta, banda desenhada, contos fantásticos, histórias humorísticas e os primeiros livros de aventuras."(1)



Bibliografia:

(1)-BARROSO, Rita, "Pequenos leitores", Pais e Filhos, Outubro de 2005;
(2)-BETTELHEIM, Bruno, "Psicanálise dos contos de fadas", Bertrand Editora;

sábado, 20 de agosto de 2011

Os 10 Mandamentos da Criança aos Pais



Os 10 Mandamentos da Criança aos Pais

  1. As minhas mãos são pequenas: por favor não esperem a perfeição ao fazer a cama, desenhar, atirar e agarrar uma bola. As minhas pernas são pequenas: por favor abrandem para eu vos poder acompanhar.
  2. Preciso de encorajamento para crescer. Por favor sejam brandos nas vossas críticas. Lembrem-se: podem criticar o que faço sem me criticarem a mim.
  3. Os meus olhos não vêem o mundo do mesmo modo que os vossos. Por favor deixem-me explorá-lo em segurança. Não me impeçam de o fazer sem necessidade.
  4. Os meus sentimentos ainda estão tenros. Não impliquem comigo o tempo todo. Tratem-me como desejariam ser tratados.
  5. As tarefas domésticas estão sempre a precisar de ser feitas. Só sou pequeno por pouco tempo. Por favor percam tempo a explicar-me as coisas deste fantástico mundo em que vivemos e façam-no de boa vontade.
  6. Por favor não vão "fazer por cima" tudo o que eu faço. Isso dá-me a ideia de que os meus esforços nunca alcançam as vossas expectativas. Sei que é difícil, mas não me comparem a outras crianças.
  7. A minha existência é uma dádiva. Cuidem de mim como é esperado, responsabilizando-me pelas minhas acções, dando-me linhas de orientação e disciplinem-me de um modo afectuoso.
  8. Por favor não tenham medo de ir passar fora um fim-de-semana. Os filhos precisam de férias dos pais como os pais precisam de férias dos filhos. É uma bela maneira de mostrarem como a vossa relação é especial.
  9. Por favor dêem-me a liberdade para tomar decisões que me dizem respeito. Deixem-me falhar, para que eu possa aprender com os meus erros. Assim, um dia estarei preparado para tomar as decisões que a vida me exigirá.
  10. Por favor dêem-me todas as oportunidades para eu aprender e bons exemplos para eu seguir. Assim poderei tornar-me numa pessoa verdadeira, recta e humana.

Educar

A Criança e a Sua Vida Rica em Ensinamentos

Observar uma criança pode ser mais rico e compensador para sua vida do que qualquer experiência ou programa de Autoconhecimento

 
Existem professores treinados em psicologia, que dizem saber tudo da natureza humana, e mesmo assim pouco tem a nos dizer. Uma criança, não sabe nada, e mesmo assim sua vida é o ensinamento mais rico do mundo, para quem for capaz de ver.

  1. Para a criança cada dia é diferente do outro. Ou seja, o dia anterior foi o dia anterior e não faz mais parte do seu passado. O novo dia é tudo o que lhe importa, é só o que existe.
  2. Do dia anterior a única coisa que ela traz é o que aprendeu e mesmo assim não sabe disso. Quer dizer, ela não sabe que aprendeu antes como enfrentar uma situação nova, do novo dia que surge a sua frente. Ela apenas enfrenta a nova situação, como se realmente fosse nova, e dedica a ela toda sua energia e experiência acumulada.
  3. Os erros que ela cometeu no dia anterior, ela não lembra mais. Mas agora ela já sabe o que é errado, só não lembra onde aprendeu isso. Se lembra, não dá importância a isso. O importante é que ela já sabe como não deve fazer uma coisa que fez errado antes.
  4. No processo da descoberta de como resolver uma coisa, há imersão total. Todo o seu "ser", ente, vai estar envolvido na solução daquele problema. Ela não consegue deixar para resolver depois, precisa dar uma resposta imediata à aquele contratempo. Como ela não esquece, ela própria passa a fazer parte do problema. Assim o problema acaba fazendo parte dela e não sendo uma coisa separada. Sendo ela em si o problema, e como ela passa a viver 24 horas por dia com aquele problema, logo ela o compreende e assim ele, o problema, deixa de existir. Solucionado o problema, ela imediatanente o descarta da sua vida. Ou seja, aquilo não será mais visto por ela como problema, não importa quantas vezes mais ela o encontre daí pra frente.
  5. Na busca de uma solução, como ela não tem conhecimentos sofisticados e a capacidade de complicar, suas soluções são as mais simples e diretas possíveis.
  6. Ela costuma, baseada num problema encontrado, brincar com o problema durante sua busca de uma solução.
  7. Então, problema para uma criança, na maioria das vezes, não são problemas de fato, são uma necessidade básica de aprendizado e motivação. Ambientes que não ofereçam desafios e problemas, não tem a menor graça para elas. Ou seja, problema para elas é quase como se fosse diversão pura.
  8. No processo de busca de uma solução, ela desiste milhares de vezes, tenta milhares de vezes, mas desistir de verdade, isso ela nunca faz.
  9. Um novo dia para uma criança, é de fato um novo dia. Esse novo dia não faz parte do dia anterior. É comum as crianças brincarem com seus velhos brinquedos como se nunca os tivesse visto antes.
  10. Pessimismo para uma criança é, ver a mãe ou o pai triste, irmão, amigo ou outra criança doente; adultos com problemas e que fazem questão de torná-los públicos em sua presença. Otimismo para uma criança é, ver um adulto com problemas sorrindo, outra criança doente sorrindo, pessoas da família tristes mas sorrindo. No seu mundo, existem apenas dois tipos de problemas, aqueles que devem ser enfrentados não importa a situação daquele momento, e aqueles que devem ser esquecidos se não são importantes naquele momento.
  11. Uma criança quando fica ou está doente, não sabe que ficar doente é ruim. Ela sente os efeitos físicos da doença, mas ela planeja seu futuro como se não existisse obstáculo algum à sua frente. Ela planeja seu dia seguinte como se nada estivesse acontecendo. Não desanima em momento algum, sabe na sua simplicidade psicológica que doença e saúde não estão separadas, tudo é uma coisa só. É muito importante notar que ela nunca diz: "Se eu ficar boa...", e sim "Amanhã quando eu melhorar eu vou fazer isso e aquilo...". Também ela ainda não teve tempo de desenvolver o apego às coisas, assim medo e insegurança não existe em seu mundo simples. Seu mundo se resume a duas coisas; O dia que ela está disposta para brincar e o dia que não está. Desse modo ela não vê doença e saúde como coisas distintas.
  12. Uma criança, tem a capacidade excepcional de guardar para sempre os bons momentos e usá-los como experiência pelo resto de sua vida. Tem também a capacidade de guardar para sempre os maus momentos e usá-los como experiência pelo resto de sua vida. Tem também a capacidade de não Ter saudade ou lembrança mórbida, nem de bons, nem de maus momentos.
  13. Ela não conta os dias que já viveu ou ainda vai viver. Isso não tem a menor importância. Como ela não baseia sua vida nisso, quer aprender sempre e todos os dias. Ela sequer sabe o que vai fazer com o que aprende ou vai aprender, simplesmente ela quer aprender mais e mais. Se ela vai Ter tempo para usar o que está aprendendo ou vai aprender, não faz parte do seu pensamento. Viver para ela é uma coisa muito simples. Ela pensa, amanhã eu faço de novo. Nunca diz, amanhã eu tento de novo, ou diz, será que isso vai dar certo amanhã..?. Incerteza para ela é só uma palavra cujo significado ele desconhece. Fazer, não fazer, tentar e tentar mais, para ela é a mesma coisa.
  14. O dia para uma criança, não tem o limite de oito ou vinte e quatro horas. Para uma criança o tempo cronológico não existe. Para uma criança o ano todo é igual a um dia. Noite e dia é a mesma coisa. A diferença é que uma parte é clara e tem sol e a outra não. Apenas o tempo psicológico faz parte de sua vida. E tempo psicológico não trabalha dentro dos ponteiros de um relógio. O tempo psicológico é toda sua vida naquele único minuto ou instante. 

Foto: Fernanda Sá










O Educador, as Crianças e o Lúdico

                                   31 2916 corda1 300x186 O Educador, as Crianças e o Lúdico

Inegável que a “brincadeira” é a atividade primordial na infância. A situação lúdica que se instaura ganha caráter de “orientação”, ou seja, de facilitação de tarefas objetivadas pelo professor, sem que se questione sobre a forma singular do jogo, sobre qual é realmente o objetivo deste.
A brincadeira é uma forma da criança constituir-se como indivíduo formulando e compartilhando significados.
Na perspectiva sócio-cultural, brincar traduz a forma como as crianças interpretam e assimilam o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos das pessoas. É uma maneira de conhecer o mundo adulto sem adentrar neste mundo realmente.
Brincar é uma forma de atividade social infantil, cujo aspecto imaginativo e diverso do significado cotidiano da vida fornece oportunidade educativa para as crianças.
“De acordo com Vygotsky, através do brinquedo, a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivação interna… a criança poderá utilizar materiais que servirão para representar uma realidade ausente … (Rego, 1996, p. 819).
Vale ressaltar que os valores podem através da brincadeira, serem internalizados pela criança na medida que esta está em contato com estes valores em sua vida diária.
Neste contexto percebe-se nitidamente a importância das atividades lúdicas no processo de alfabetização.
A medida que a criança utiliza-se da brincadeira, do lúdico, ela interage com o outro, com o objeto e consigo mesma, desenvolvendo a linguagem, função esta que organiza todos os processos mentais da criança, dando forma ao pensamento.
É muito importante desenvolver no processo de alfabetização o fator linguagem, mesmo antes de passar para a escrita que já é uma linguagem estruturada, a criança desenvolve seu potencial de criação imaginária e o lúdico tem com certeza um papel primordial nesse processo.
Resumindo, o que eu quero dizer, caro educador , pai, amigo leitor é que o lúdico faz a criança querer aprender e aprender é tudo.

Multiculturalidade

Meninos de Todas as Cores
Vivemos num mundo onde a diferença é uma constante. Mas a diferença não é um problema. Estamos rodeados de pessoas chinesas, espanholas, inglesas, alemãs, francesas, angolanas.... e apesar das diferenças, somos todos humanos.Desta forma, é essencial sensibilizarmos as crianças desde pequeninas de que devem respeitar quem é diferente.Apresento uma história de Luísa Ducla Soares que poderá ser utilizada como suporte de uma série de actividades relacionadas com a multiculturalidade.

MENINOS DE TODAS AS CORES

Era uma vez um menino branco, chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:

É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão doce
porque é branco o leite, tão saboroso
porque é branca a neve, tão linda.

Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos são amarelos.
Arranjou uma amiga, chamada Flor de Lótus que, como todos os meninos amarelos, dizia:


É bom ser amarelo
porque é amarelo o sol
e amarelo o girassol
mais a areia amarela da praia.

O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos.
Fez-se amigo de um pequeno caçador, chamado Lumumba que, com os outros meninos pretos, dizia:

É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam a toda a parte.

O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos. Escolheu, para brincar aos índios, um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:

É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.

O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Bábá, que dizia:

É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como o chocolate.

Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:

É bom ser branco como o açúcaramarelo como o solpreto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.


Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.
Luísa Ducla Soares, Meninos de Todas as cores

Expressão Plástica



Expressão Plástica - Trabalhos com os dedos e as mãos

O que conseguimos imaginar, os dedos ajudam a fazê-lo.
Este post é dedicado à expressão plástica, nomeadamente ao que podemos fazer utilizando os dedos e as mãos desenvolvendo a imaginação e a criatividade nas crianças. Através destas ideias, podem-se fazer imensas coisas. É só escolher um projecto ou um tema com os meninos e deixá-los utilizar as mãozinhas livremente, de forma a criar desenhos como estes.
Deliciem-se e divirtam-se com os vossos trabalhos!

Pedagogia de projecto

Pedagogia de projecto

O que é e para que serve?


Todos nós trabalhamos com projectos em todos os momentos da nossa vida.

Na escola ou no jardim de infância, o projecto é uma forma de ajudar a criança a aprender de maneira prática, tornando a aprendizagem atraente e eficaz.
A realização de um projecto exige processos mentais, tarefas físicas e propostas de problemas e respostas a várias questões.
O projecto parte de uma situação-problema, um desafio para o encontro da solução.
Através do projecto, a criança é incentivada a:
  1. desenvolver actividades com objectivos concretos;
  2. realizar tarefas produtivas;
  3. desenvolver a compreensão por meio da experiência;
  4. desenvolver a iniciativa e a responsabilidade;
  5. estimular a perseverança na realização de tarefas;
  6. valorizar o trabalho cooperativo;
  7. desenvolver o pensamento reflexivo;
  8. Recados e Imagens - Oi e Olá - Orkutampliar campos de interesses.

Fases de um projecto


  1. Intenção e Incentivo: Inicia-se um projecto quando se percebe um grande interesse por parte das crianças por um determinado assunto ou situação concreta. O educador/professor deve aproveitar esse interesse para desenvolver o assunto e propor questões (desafios) para a resolução do problema ou situação.
  2. Preparação do plano de trabalho: Realizam-se pesquisas, procurando os instrumentos necessários, planeando as actividades para a solução dos problemas. Esse roteiro funcionará como referência para a realização do trabalho.
  3. Execução: É a fase da acção e a mais estimulante para as crianças. Nesta fase podem surgir dificuldades, erros e imprevistos e as crianças serão orientadas a resolvê-los e a continuar o trabalho. O educador/professor deve estar atento e estimular as crianças, valorizando o seu desenvolvimento e acompanhando as suas dificuldades. O trabalho deve ser sempre feito pelas crianças.
  4. Avaliação: Serão avaliados, pelas crianças, o objectivo, o planeamento, as actividades e o resultado final. Com a ajuda e orientação do educador/professor, as crianças farão uma análise do seu trabalho, apresentando críticas e comentários apropriados sobre o projecto.
  5. Culminância: É o atingir do objectivo básico do projecto através de uma apresentação, exposição, exibição do resultado obtido.

O educador/professor deve facilitar a integração dos conteúdos dos diversos materiais e oferecer oportunidades para o exercício da liberdade e uso de direitos. A criança aprende fazendo e a aprendizagem é mais consistente e duradoura.
A função do educador/professor é a de orientador, sensibilizador, conselheiro, desafiador, em que exerce e controla as actividades, avaliando as crianças e o seu próprio desempenho.
Uma discussão na sala pode ser uma forma de avaliar um projecto, dando oportunidades para reflectir sobre a contribuição e a validade do projecto.
A avaliação deve ser constante, através de observações, actividades, participação e colaboração.

In Colecção Dia-a-Dia do Professor Volume 3 1º Período

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Desenvolvimento Psicológico relacionado com o interesse pela leitura segundo Piaget


Estádios

1. Sensório- motor (do nascimento até 2 anos)- demanda-se aqui um conceito amplo de literatura


• rimas infantis, contacto com álbuns, imagens de objectos que representem o meio mais imediato, livros-jogos


2. Pré-operacional (2 a 7 anos) - aparição da função simbólica (aquisições da linguagem). Elaborar dados através do sentido e categorizar a realidade
•Sub-período – pré-conceptual (2 a 4 anos) – pré-conceitos – intuitivo (intuição directa) → experimentar a realidade
• egocentrismo
• realismo (coisificação)
• animismo
• artificialismo (acção explícita de um criador)
• jogo dramático espontâneo, jogos dramáticos dirigidos – gosto pelos contos e fábulas, personificações e antropomorfismos – abre-se aí perspectivas enormes para a literatura (normal/exótico, absurdo)
3. Operações concretas (dos 7 aos 11/ 12 anos) – interiorização progressiva do real – criação de agrupamentos que permitem organizar a realidade. Classificar e seriar os objectos e elaborar noções científicas de número, tempo, medida, etc.


• literatura fantástico-realista (contos maravilhosos, fantásticos e de aventuras, a vida dos animais, conhecimento de outros países, povos, assuntos ligados aos jogos, desportos, experiências científicas e conhecimento do mundo)
• linguagem literária/ linguagem coloquial/ dinamismo de acção, do argumento, descrição vigorosa, expressões jocosas, transferências, projecções e identificações


4. Operações formais (dos 11-12 aos 15 anos) – liberta-se do conceito imediato – pensamento hipotético dedutivo –síntese, individualização e generalização – prefere o mistério, a aventura, a novela de acção

• papel socializador da literatura – princípios universalizantes de justiça, tolerância, solidariedade e cooperação.